quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Textos sobre educação liberal

Lucas Mafaldo

O que é educação liberal

Educação liberal é um ideal de educação proposto por Mortimer J. Adler, para fazer frente à decadência cultural que crescia nos EUA no começo do século XX. Adler começou a elaborar essa concepção a partir de sua própria experiência como aluno de um programa de leitura dos clássicos e, posteriormente, como professor universitário do mesmo programa.

Este programa procurava resgatar a leitura direta dos grandes autores, outrora uma tradição nas universidades, mas que tinha sido substituída pelo ensino baseado em manuais acadêmicos. Depois de observar em sua própria experiência os benefícios deste método, Adler passou a ministrar a mesma disciplina nos anos seguintes. Neste período, Adler percebeu que tanto o nível dos alunos tornava-se cada vez pior como também sua própria formação deixava a desejar. Portanto, se decidiu então, a estudar a própria questão da educação e aprimorar sua formação.

Para tanto, Adler aproveitou as experiências bem sucedidas das universidades americanas, das quais ele próprio tinha se beneficiado, e resgatou a noção de "artes liberais", conjunto de disciplinas que formavam o centro da formação universitária medieval. Portanto, a idéia de uma liberal education já existia e era praticada muito antes de Adler. O que este fez foi resgatá-la, sistematizá-la e lutar para que ele fosse uma possibilidade para todas as pessoas.

O termo "liberal", utilizado para designar esta concepção de educação, não provém do liberalismo econômico de Adam Smith, mas se refere ao sentido que o termo possuía na Idade Média. Neste contexto, as artes liberais se opunham às artes servis (engenharia, marcenaria, etc.) e às belas artes. Enquanto as primeiras tinham como objetivo a produção de algum bem material, as segundas visavam um bem artístico. As artes liberais, pelo contrário, não produziam nenhum objeto exterior; elas visavam à edificação do próprio sujeito que as praticava. Eram a lógicas, a retórica, a gramática (trivium) e a matemática, geometria, música e astronomia (quadrivium). Na época, entendia-se que o trivium ensinava a raciocinar com palavras e o quadrivium a raciocinar com números. O aluno aprenderia estas disciplinas para que aprendesse a adquirir e organizar seu conhecimento e expô-lo com clareza nas discussões intelectuais. Por sua vez, embora estas disciplinas tenham recebido esta sistematização na Idade Média, suas raízes remontam à Grécia Antiga.

Adler defendia um ensino que priorizasse o desenvolvimento da capacidade intelectual do aluno, para que este adquirisse a independência em poder buscar completar as lacunas de sua formação, não se limitando ao que o sistema formal de ensino lhe transmitisse. Para isso, Adler propôs o resgate do ensino das artes liberais e da leitura dos clássicos; as primeiras dariam ao aluno a capacidade de absorver os segundos.

Em seu primeiro livro sobre educação, "How to read a book", Adler sintetizou esta concepção que já vinha experimentando com seus alunos. Ela se baseava em nestes dois princípios simples. O primeiro é o aperfeiçoamento das faculdades intelectuais do aluno; especialmente, a capacidade de leitura e interpretação de textos. E não eram quaisquer textos. O programa da disciplina incluía Platão, Aristóteles, Euclides, Newton, Descartes, etc.; ou seja, era esperado que o aluno adquirisse a capacidade de interpretar as principais obras de todos os ramos do conhecimento: incluindo história, matemática, filosofia, literatura.

O segundo princípio era que o aluno deveria utilizar esta capacidade para absorver os sucessivos patamares da história das discussões intelectuais no ocidente. Por trás deste princípio, está a concepção que todas as questões culturais, cívicas e científicas de nosso tempo, passaram por uma evolução história, na qual surgiram, desenvolveram-se e foram abandonados uma série de problemas, conceitos, métodos e soluções. Para a educação liberal, o processo de educação seria a sucessiva absorção dos principais patamares desta discussão. O aluno que recebesse essa formação, ao se deparar com uma discussão contemporânea, saberia enquadrá-la no contexto maior de seu desenvolvimento histórico, podendo assim, compreendê-la melhor. E já que a compreenderia melhor, não cairia tão facilmente nos discursos enganosos em circulação, assim como poderia prestar uma contribuição que ajudasse na solução do problema.

Portanto, a educação liberal é o processo que torna o estudante apto a participar ativamente dos debates culturais, cívicos e científicos. Por isso, entende-se que não será ensinado ao aluno o que pensar, mas lhe serão dadas as ferramentas que o permitirão pensar por si próprio, da melhor forma que puder. É o exato oposto de uma educação especializada ou profissionalizante. Enquanto nesta, o aluno é treinado para executar uma tarefa específica, na educação liberal, são dados ao aluno os meios de adquirir sua liberdade intelectual que tanto o ajudará no exercício de qualquer tarefa especializada como o ajudará a conduzir melhor sua vida em questões que transcendem o âmbito do trabalho.

Compreendida desta maneira, a educação é um projeto para a vida toda. Não haveria como comprimir todo esse conhecimento no período de educação formal que, em geral, termina aos vinte e poucos anos. Além do mais, é necessário que o estudante tenha passado por uma série de experiências de vida antes que possa absorver algumas discussões. Por isso mesmo, Hutchings afirmava que alguém que leu todos os grandes livros na adolescência e nunca os releu na vida adulta, não compreendeu nenhum deles. Isto, contudo, não significa que devemos adiar este estudo para o final de nossas vidas. Justamente por ser demorado, devemos começar o quanto antes.

Em decorrência disto, Adler pensava na educação liberal como indicações gerais para uma vida de estudo, que deveria continuar, ou até começar, muito depois que o período de instrução formal terminasse. Por isso, Adler nunca considerou a educação liberal como um plano de reforma do sistema educacional, embora esperasse que suas idéias contribuíssem indiretamente para a melhoria deste, que considerava estar em uma situação decadente. Ele preferia, ao invés de traçar um plano de reforma, formar grupos de pessoas que reconhecessem o valor da educação, para que estes passassem a se preocupar com a qualidade da educação que as escolas estavam dando às crianças e adolescentes.

Para que isto ocorresse, Adler dedicou toda a sua vida a divulgar e defender estas idéias com o objetivo que esta educação fosse acessível a todo mundo. Formou grupos com adolescentes, universitários, adultos com formação universitária, adultos sem educação formal. Estes grupos se reuniam para discutir as grandes obras do pensamento ocidental. Adler participava estimulando os alunos a buscarem uma compreensão mais profunda da leitura. E para tornar estas obras mais acessíveis, editou, junto com Robert Hutchings, a coleção “The Great Books of The Western World”, que continha os principais livros necessários para uma educação liberal.

As idéias de Adler tiveram um forte impacto na educação americana, influenciando os mais distintos programas educacionais. Hoje em dia, as principais universidades adotaram um “College of liberal arts”, onde os estudantes passam os primeiros dois ou três anos de sua formação se exercitando nas artes liberais, através da leitura dos clássicos. Espera-se assim que os alunos que sigam as mais distintas ocupações consigam manter um fundo cultural comum que favoreça o diálogo entre as diferentes áreas além de habilitá-los a participarem proveitosamente das discussões públicas.

Embora a influência de Adler no ensino médio tenha sido bem menor, o National Paidea Center montou um programa de ensino médio baseado em suas idéias, na elaboração do qual, o próprio Adler colaborou. O programa dividia as aulas em três eixos educacionais. O primeiro é o eixo didático, onde o professor age como o expositor de algumas informações e aluno como ouvinte. Como neste caso o aluno fica em uma posição passiva frente ao conhecimento, sua utilização deve ser minimizada ao máximo (10 a 15% do tempo de aula); porém, não pode ser totalmente excluído dado a necessidade de transmitir algumas informações básicas aos alunos. O segundo eixo é do treinamento intelectual. Neste o aluno exercitaria sua habilidade de compreender textos, problemas científicos, observar fenômenos naturais, etc. O professor age como um facilitador, despertando a curiosidade do aluno, problematizando suas respostas e auxiliando-o em suas dificuldades (70% do tempo de aula.). O terceiro eixo é das discussões em seminários, onde os alunos discutem suas opiniões sobre vários temas e o professor permanece em uma posição socrática, se limitando a estimular o debate e a reflexão com seus questionamentos. Desta forma, espera-se aumentar a capacidade dos alunos em discutir racionalmente, expressar e defender suas opiniões em grupo, dialogar respeitosamente com os colegas e aprofundarem o próprio entendimento das questões discutidas; ou seja, desenvolver tanto as habilidades sociais e intelectuais necessárias ao diálogo (15 a 20% do tempo de aula).

Fora do sistema educacional, a influência de Adler continua forte no campo do autodidatismo, que o próprio autor incentivara. Atualmente, nos EUA, com a crescente decadência do ensino médio, cresce o número de famílias que preferem cuidar pessoalmente da educação de seus filhos. Para ajudá-las, crescem as organizações de homescholing; muitas delas, fundamentadas nas concepções de Adler.

Mortimer J. Adler dedicou toda a sua vida ao esforço de defender o legado cultural da humanidade e disponibilizá-lo para as próximas gerações. De tal forma que hoje em dia, são muitos os que foram beneficiados pelo esforço dele; desde os alunos que recebem os benefícios diretos das instituições de ensino que seguem suas idéias, até os milhares de autodidatas isolados que se alimentam de suas lições sobre educação. Todos estes são seguidores da lição de Adler de que vale a pena apostar no poder da inteligência humana em encontrar soluções para os problemas da realidade e, deste modo, alcançar uma vida mais digna. E, para isso, o papel de uma verdadeira educação é fazer com que o estudante se erga à altura deste legado e possa ampliar seus horizontes para enxergar o mais longe que puder; conseguindo, desta forma, uma vida interior mais rica.


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Por uma educação liberal


Caso reflitamos sobre a situação cultural atual da nossa sociedade, perceberemos a urgência da educação liberal. No campo mais amplo da sociedade, fora dos âmbitos universitários, a concepção de cultura foi rebaixada à noção de passatempo e diversão. Dificilmente se encontram pessoas dedicadas a estudar um assunto pelo desejo de saber. Não acredito que se trate de um problema econômico. Mesmo entre as pessoas bem-sucedidas financeiramente, como alguns engenheiros e médicos, são raros os que pensam na cultura como uma maneira de compreender melhor a vida e a si mesmos. No ensino secundário, as coisas vão ainda pior. Também não se trata de um problema econômico. Mesmo nas escolas particulares mais caras, se encontram adolescentes de 13, 14 anos envolvidos em drogas e violência. Em meio a essa mistura já preocupante, os alunos são doutrinados para repetir os lugares-comum esquerdistas e adquirir noções básicas sobre ciências que não lhes interessam e que serão esquecidas logo saiam dos bancos escolares. Ou seja, uma mistura de imoralidade, doutrinação e inutilidades.

No ensino dito "superior" a situação não melhora muito. A noção de "academia", como um lugar onde houvesse uma busca sincera por conhecimento e livre discussão de idéias, desapareceu. Na melhor das hipóteses é um ensino profissionalizante que treina o sujeito para desempenhar uma determinada função. Na pior, principalmente nas chamadas "ciências sociais", é uma fábrica de militantes. Entre esses dois pólos, ficam comprimidos os poucos que sentem o anseio de buscar algo melhor, que procuram o antigo ideal de universidade. Contudo, estes poucos encontrarão ainda mais dificuldades. Cada departamento de graduação, em geral, oferece duas ou três visões sobre determinado assunto, e uma série de preconceitos sobre as visões que não são contempladas pelo departamento. De tal forma que, tomando dois alunos que optaram pelo mesmo curso em universidades diferentes, encontramos diferenças enormes. Certas concepções que dominam um departamento encontram-se ausentes em outros. Ou seja, membros de uma mesma profissão já não possuem o mesmo pano de fundo cultural para dialogarem.

A situação é ainda mais preocupante quando se observa a situação entre colegas de sala. De acordo com as escolhas teóricas de cada um, o passar dos anos vai erguendo barreiras de comunicação entre eles. Não é raro que, ao fim do curso, antigos colegas descubram que se tornaram totalmente estranhos uns aos outros e já não conseguem encontrar uma base para o diálogo. Isso decorre da excessiva especialização das discussões científicas. À medida que os mesmos termos ganham concepções distintas conforme a abordagem teórica, os discursos de um grupo só se tornam inteligíveis para quem souber decodificá-lo segundo os parâmetros do próprio grupo que o produziu. Portanto, após ingressar em um grupo e realizar um grande esforço para absorver o sentido preciso de certos conceitos, o aluno descobre que seu esforço só valeu para esse grupo. E se quiser dialogar com outros grupos, além de se apropriar dos novos conceitos, terá que fazer um esforço ainda maior em traduzir as diferentes acepções dos mesmos termos.

Porém, observando nosso panorama cultural, encontraremos um problema ainda mais alarmante. Mesmo entre alunos próximos do término da graduação, as habilidades de leitura, interpretação de texto e expressão escrita são muito fracas. A ausência destas habilidades intelectuais dificulta a aplicação do remédio que curaria nossas mazelas espirituais: a leitura direta dos clássicos.

A educação liberal foi proposta como uma forma de remediar uma situação cultural semelhante à nossa. Na época em que escreveu seu primeiro livro sobre o assunto, Mortimer Adler estava assustado com a decadência do sistema de ensino americano. Dedicou toda a sua vida a mudar esta situação e oferecer uma educação de qualidade para todos. Mas não se preocupava apenas com o destino específico das universidades: acreditava que o sistema democrático não resistiria à decadência cultural. Entendendo a democracia como um sistema político onde tudo deve ser discutido por todos, Adler concluía que a democracia funcionaria enquanto as pessoas tivessem capacidade de discussão. Caso a discussão pública regredisse ao ponto onde não fosse mais possível encontrar um critério racional capaz de arbitrar as disputas, a sociedade ficaria inteiramente à mercê da retórica da propagando política. Em seguida, caso os cidadãos não pudessem mais avaliar corretamente as conseqüências destes discursos, não tardariam a cair também os princípios da legalidade constitucional, dissolvendo a coerção da retórica política na coerção da força física. Aproveitando a fórmula de Olavo, a força da lógica seria substituída pela lógica da força.

Este seria o destino de um sistema democrático quando caíssem suas reservas culturais. Assim pensavam Adler e os demais defensores da educação liberal, assim como inúmeros teóricos da democracia. Se quisermos continuar vivendo em uma democracia, vale a pena escutar estes avisos.

Este alerta deveria ser suficiente para que considerássemos a educação como o principal problema de nossa sociedade. Mas, caso não o seja, ainda há mais um argumento decisivo, exposto por Olavo em sua apostila "Inteligência e verdade". Hoje em dia se discute muito sobre a questão da previdência social, sobre reformas políticas, partidárias, judiciárias, etc. Antes de pensarmos na solução destes problemas, temos que pensar no seguinte: Se há um problema que necessita de solução, vai ser necessário que pelo menos uma pessoa consiga entendê-lo para encontrar a resposta. Portanto, a questão preliminar à resolução de qualquer questão é: Quem vai resolvê-la? Antes de resolvermos um problema, temos que adquirir os meios de resolvê-lo. Se antes de consertar uma bicicleta, temos que entender alguma coisa sobre a bicicleta, quanto mais coisas não precisaríamos entender para consertar uma sociedade?

Portanto, o problema preliminar que qualquer país tem que resolver é se certificar que ele tem inteligência suficiente para resolver seus outros problemas. Se não tem, esta é a primeira coisa que ele precisa procurar ter. Da mesma forma que uma pessoa que passa a vida acumulando riqueza materiais e descuidando de sua vida anterior, um dia descobrirá que seus bens são insuficientes para preencher seu vazio interior, um país que descuida de sua vida espiritual e se deixa absorver plenamente na mesquinhez das picuinhas econômicas e políticas do dia-a-dia não terá uma maturidade bem-aventurada e terminará por perder todas as suas conquistas econômicas e políticas em decorrência de sua miséria espiritual.

Ainda podemos pensar que se é impossível extirpar todos os desvios ideológicos de um programa de educação, a educação liberal é muito eficiente em minimizá-los. Entendo aqui por “desvios ideológicos”, os limites e distorções culturais que cada sociedade coloca para o indivíduo que vive nela. A cosmovisão de cada membro de uma sociedade será, até certo ponto, moldado de acordo com a cultura da sociedade. O sujeito que passa por uma educação formal, tem acesso a algumas novas informações, se colocando um pouco acima da média da sociedade; porém, ele ainda estará limitado pelos desvios e limitações de seu sistema de ensino. Evidentemente, é impossível ao indivíduo transcender totalmente todas as suas limitações. Contudo, sempre resta a possibilidade de alcançar um universo cultural mais amplo. Ou seja, embora sempre vá haver limitações, cada um pode transcender as limitações mais imediatas de sua cultura para ter acesso a novas realidades culturais. É precisamente esta possibilidade que a educação liberal fornece. Partindo direto para a leitura de um autor, o aluno não precisa ficar limitado ao que seu ambiente cultural pensa deste autor. O aluno possui até a possibilidade de transformar o próprio meio cultural depois de ter ido buscar elementos de outra cultura.

Hoje se fala muito na importância de ter uma visão crítica, porém, se pensa muito pouco nas condições que permitem uma crítica verdadeira e responsável, como bem observou Olavo de Carvalho em sua palestra sobre educação liberal. Para que seja possível a crítica de uma determinada situação, não basta que o sujeito não esteja satisfeito com o que está acontecendo. Também é preciso que ele consiga compreender a situação; de modo que saiba como sair dela, encontrando um meio de ação eficiente. Em geral, quando um sujeito tenta consertar uma situação que ele não compreende, acaba piorando o que já estava complicado. Por isso, para que a crítica social de uma situação negativa seja possível, é necessário que o sujeito adquira um conhecimento que a sociedade ainda não possui; pois se possuísse, não estaria ainda na mesma situação. Somente depois que ele alcançar essa compreensão, ele poderá mudar o estado das coisas. Seja através de uma ação direta ou da transmissão deste conhecimento para os outros membros da sociedade. Portanto, não é qualquer pessoa que é automaticamente capaz de fazer uma crítica social. Esta só é possível para quem adquirir a capacidade enxergar acima do problema e encontrar a solução.

Se fizermos um levantamento das mazelas descritas acima teremos: o desaparecimento de cultura como um guiamento para a vida; decadência do sistema educacional; ausência de uma base comum que permita o diálogo entre profissionais e pesquisadores de diferentes áreas assim como entre os que são da mesma área, mas possuem referenciais teóricos diferentes; impossibilidade de uma crítica social séria, responsável e abrangente; e, com a soma de todos esses fatores, o risco da decadência cultural arrastar o sistema democrático pelo ralo. Eu não ousaria dizer que a educação liberal pode resolver tudo isso. Afinal, para tantos males, não poderia haver um único remédio. Conseqüentemente, não estou querendo propor a educação liberal como a panacéia para todos os nossos problemas. Porém, ela me parece como um caminho eficiente para começarmos a sair deste atoleiro.

Evidentemente, é um caminho com sérias limitações, pois um verdadeiro processo de educação tem que levar em conta os interesses e a capacidade de cada aluno, conseqüentemente, um plano nacional sistematizado de educação liberal seria uma impossibilidade. Portanto, este não pode ser um caminho para todos; apenas para aqueles que tiverem vontade de segui-lo. Mas para que as pessoas tenham vontade de adquirir alguma coisa, elas precisam primeiramente saber que esta coisa existe. É por isso que é importante divulgar este ideal de educação. À medida que mais pessoas passarem a conhecê-lo, haverá a possibilidade de que um número maior de pessoas se engaje neste esforço.

Trata-se de apostar no poder da inteligência humana e de acreditar que este poder é maior quando iluminado pelas experiências e conhecimentos que já foram acumulados pelos nossos antepassados. Esta aposta deverá ser feita por cada um que quiser entender o que está acontecendo e dar sua contribuição para tentar atenuar alguma das nossas várias mazelas. Os que quiserem embarcar nesta aventura, encontrarão sempre auxílio em Mortimer J. Adler, e um bom guia de viagem, na educação liberal.



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Para saber mais:



Palestra de Olavo de Carvalho sobre Educação Liberal
http://www.olavodecarvalho.org/palestras/2001educacaoliberal.htm

Texto de Olavo de Carvalho sobre Mortimer J. Adler
http://www.olavodecarvalho.org/semana/adler.htm

Lista de livros da segunda edição da coleção "Great Books";
http://www.interleaves.org/~rteeter/gbww.html

Center for the Study of the Great Ideas
http://www.thegreatideas.org/

The National Paidea Center
http://www.paideia.org/content.php/system/index.htm

M.J.A. Archive
http://www.radicalacademy.com/adlerdirectory.htm

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Fonte: http://www.lucasmafaldo.contracorrente.com.br/index.php/educacao-liberal/.

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