sexta-feira, 31 de março de 2023

Ibsen: Um Inimigo do Povo

ASLAKSEN - O homem evidentemente bebeu demais. Continue, doutor, mas procure ser mais moderado na sua exposição...

DR. STOCKMANN - Muito bem, caros concidadãos. Nada mais direi sobre nossos governantes. Não pretendo criticá-los mais, dizer-lhes mais e mais verdades, não, não mesmo! Quem julgar que estou aqui para desabafar meu inconformismo contra estes senhores está enganado.
Estou certo de que todos estes reacionários, todos esses velhos destroços de um mundo que está desaparecendo terão o seu fim natural, cedo ou tarde. (...) Não é tampouco essa gente que constitui o perigo mais iminente para a sociedade. Não, não são eles (...) Nem são eles os mais perigosos inimigos da verdade e da liberdade!

terça-feira, 28 de março de 2023

Duas frases do Caxassa Filosofal

"O Brasil não é lugar de literatura. Na verdade, a sua total ausência é marcada pela proibição geral de livros e a falta dos mais elementares meios pelos quais os seus habitantes possam tomar conhecimento do mundo e do que se passa nele. Os habitantes estão mergulhados em grande ignorância e sua conseqüência natural: o orgulho" James Henderson, "A history of Brazil", citado por Laurentino Gomes, "1808". Página 269.

Quem quer que converse com qualquer brasileiro médio, mesmo estudante universitário, sobre qualquer assunto da realidade do mundo não deixa de constatar que as palavras escritas há duzentos anos continuam atualíssimas.

sábado, 25 de março de 2023

O ex-covarde

Nelson Rodrigues

Entro na redação e o Marcelo Soares de Moura me chama. Começa: - "Escuta aqui, Nélson. Explica esse mistério." Como havia um mistério, sentei-me. Ele começa: - "Você, que não escrevia sobre política, por que é que agora só escreve sobre política?" Puxo um cigarro, sem pressa de responder. Insiste: - "Nas suas peças não há uma palavra sobre política. Nos seus romances, nos seus contos, nas suas crônicas, não há uma palavra sobre política. E, de repente, você começa suas "confissões". É um violino de uma corda só. Seu assunto é só política. Explica: - Por quê?"

quarta-feira, 22 de março de 2023

O Velho

Nélson Rodrigues

Em recente confissão, contei a minha visita à casa de uma grã-fina que, de três em três meses, é capa de Manchete. E, de fato, sempre que Justino Martins está em apertos, vai ao arquivo e apanha a cara da minha belíssima anfitriã. O leitor nem desconfia que já viu a mesmíssima capa umas quinze vezes. Não há nada mais parecido com uma grã-fina do que outra grã-fina. Por dentro e por fora, todas se parecem. Quem viu uma, viu as outras.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Frases sobre o Comunismo

“Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas.” (V. I. Lênin)

“Somos favoráveis ao terror organizado – isto deve ser admitido francamente.” (V. I. Lênin)

“O comunismo não é amor. É o martelo com que esmagamos nossos inimigos.” (Mao Dzedong)

segunda-feira, 13 de março de 2023

Anti-Communist Manifesto (Jiří Klobouk, 1975)

PREFACE TO THE ENGLISH EDITION

The English edition of this document, written in Czech in Canada in 1975, was inspired by my recent visit to The Museum of Communism in Prague. I was astounded to encounter the sacred relics of the totalitarian regime on display for everyone to see: tools of socialist propaganda, statues of tyrants stripped to nakedness, slices of everyday life as empty as the bare grocery store shelves, fading flags, shiny medals and anti-American slogans in the most vitriolic of languages. The interrogator's room of the Secret Police (STB) envelops you with horror. You can hear the weak voice of your contemporary confessing after a sleepless night to a crime he or she didn't commit. You can almost smell the decomposing bodies of those who dared oppose the Big Red Lie.

terça-feira, 7 de março de 2023

Arthur Schopenhauer - Dialética Erística

COMO VENCER UM DEBATE SEM PRECISAR TER RAZÃO - Arthur Schopenhauer

Um manual de patifaria intelectual? Nada mais, nada menos.

Arthur Schopenhauer (1788-1860) deixou inconcluso este livro breve e perturbador com que desmascara os esquemas da argumentação maliciosa e falsa, que sempre estão na moda.

Por mais de um século a "Dialética Erística" ficou praticamente ignorada, até que o renascimento dos estudos sobre retórica e persuasão viesse tirá-la do esquecimento, mostrando seu potencial explosivo.

Nesta edição, com o título de "Como vencer um debate sem precisar ter razão", o texto é enriquecido por comentários e notas do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, que seu "O Imbecil Coletivo" consagrou como um expert no desmascaramento da pseudo-argumentação.

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Abaixo segue a lista feita por Schopenhauer.


sábado, 4 de março de 2023

Frase de Olavo de Carvalho

O mundo entrou na era do caos sangrento a partir do instante em que os homens deixaram de ser julgados por seus atos e passaram a sê-lo pelos ideais que alegam. Impor esse novo critério a toda a sociedade foi a maior vitória do espírito revolucionário sobre a normalidade humana. Enquanto essa distorção monstruosa não for eliminada da atmosfera cultural, o mundo não terá um momento de paz.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Olavo de Carvalho - Amor correspondido

“Então você vai ver o seguinte, que primeiro você quer conquistar a simpatia. Para conquistar a simpatia, você precisa mostrar interesse pelas pessoas. Só que se você estiver interessado nelas só para conquistar simpatia, você não está verdadeiramente interessado: o seu foco de atenção não é nelas, mas [em] você, então isso daí vai falhar. Então a prática disso: ensinar a você a ter interesse genuíno pelas pessoas. Ou seja, eu não preciso pensar na simpatia. Por quê? Porque ela está implícita, eu vou ter simpatia de qualquer maneira. Se eu estiver realmente interessado em ouvir a pessoa, ela vai simpatizar comigo mesmo que eu não esteja pensando nisso; então para que eu vou tentar conquistar simpatia, se a simpatia já vem embutida? Então o foco desloca da conquista de simpatia para o interesse genuíno, e assim [sucede] em muitas outras coisas. Quer dizer, vai havendo uma mudança do eixo da conduta, e daí você vai ver que a simpatia que você quer conquistar não vale a pena o esforço, porque ela é muito fácil.

Por exemplo, eu tenho uma teoria: não existe amor não correspondido. Isso aí eu digo e as pessoas às vezes não entendem. Vamos dizer, o seu amor é não correspondido quando você está morrendo de dó de você mesmo porque aquela pessoa não prestou atenção em você. Então você está mortalmente apaixonado por si mesmo, você está cuidando de si mesmo, então é claro que a mulher nem vai ligar para você. Mas se você tiver verdadeiro amor por ela, quiser o bem dela, quiser a felicidade dela e esquecer de você, ela vai amar você de qualquer jeito. É irresistível. Então o problema não é como eu vou conquistar o amor da fulaninha, não: [o problema é:] como eu vou amá-la verdadeiramente! Na hora que você tiver isso, é irresistível; só se for uma pessoa totalmente pervertida e louca que não quer… Tem gente que é assim, tem duas ou três que são assim. Cuidado com essas. Aquela [que pensa]: “Ah, você tem amor por mim? Então você não presta, tem que apanhar”. Tem mulher que só judia do cara; quer dizer, quando o maltrata é porque [ele] gosta dela; [e] quanto mais sincero for o amor, mas ela vai maltratar. Essa, você dá um pontapé no traseiro e esqueça, é uma pervertida. Mas, em geral, com pessoas normais o amor é sempre correspondido.

Às vezes pode não ser correspondido no mesmo nível que você quer por uma impossibilidade: a mulher está casada com seu fulano, e você está lá apaixonado por ela, o que você quer? Ela vai amar você, mas isto não quer dizer que ela vai sair e ir para cama com você. Então você trate de se acostumar, falar: “Olha, nós vamos ter esse amor pelo resto de nossas vidas, mas não podemos chegar em certos finalmentes, não está certo isto”. Inclusive, você querer por toda lei conquistar a mulher nessa condição não é verdadeiro amor, porque você está querendo o mal dela. Olha, o amor é um negócio assim que vem a atração, a paixão, o tesão junto com a verdadeira bondade e generosidade, e de uma tal maneira que uma coisa é indiscernível da outra: só aí você tem amor. Se houver dualismo, acabou, não funciona.

Então, por exemplo, você está apaixonado pela fulaninha. Você tem certeza de que casar com você é a melhor coisa que ela pode fazer na vida dela? [Você pode afirmar:] “Não tem outro melhor para você do que eu!”. Você tem certeza disto? Se você não tem certeza, com que direito você quer isso para a mulher, e ainda diz que é por amor? Você quer é ferrar com a vida dela. Agora, se você pensar e falar: “Não, de fato, ela não vai ter um melhor do que eu, eu sou o melhor porque eu sou mais sincero, eu gosto realmente dela, eu sou isso, eu sou aquilo e ainda sou bonito e gostoso, etc. etc. Então eu quero isso para ela porque eu quero que ela seja feliz.” Então você não vai chegar com timidez e tal porque você sabe que o que você está oferecendo é bom. E se ela não quiser, então é uma cretina.

Através da cultura você vai esquecendo de si mesmo e passa a ter preocupações maiores que o abrangem e que resolvem aquelas primeiras: é assim que faz a passagem [para outro plano de compreensão]. Então… [você deixa] o subjetivismo da adolescência… [porque] você sabe… a hora que você [vai] perceber que você tem verdadeiro amor por uma pessoa ou por várias pessoas, não só no domínio sexual evidentemente. E note bem: se você tem verdadeiro amor e esse amor é rejeitado, você não se sente deprimido, você não se sente diminuído, você fica é com dó da pessoa, você fala: “Mas que cretina! Essa mulher não quer, ela quer se ferrar. Que se dane, não estou aqui para perder tempo com idiota.” Quer dizer, à medida que a sua preocupação vai subindo, você vai perdendo aquele medo, aquele temor de não ser aceito, de não ser gostado. Porque ser gostado é a coisa mais fácil do mundo, gente!, para que perder tanto tempo com essa besteira? Não precisa! Tenha um interesse genuíno, tenha um amor verdadeiro pelas pessoas, e elas vão gostar de você; e se não gostar, aí você vai ter a certeza de que são idiotas. Em suma, aos poucos, você vai se extraindo do julgamento dos outros na medida em que você adquire a certeza das suas intenções. Não é que você vai desprezar a opinião dos outros — a gente nunca deve desprezar a opinião do outro — simplesmente você não precisa dela porque você já sabe o que você está fazendo. E eu acho que isso responde as duas perguntas.”

Fonte: COF 17