ASLAKSEN - O homem evidentemente bebeu demais. Continue, doutor, mas procure ser mais moderado na sua exposição...
DR. STOCKMANN - Muito bem, caros concidadãos. Nada mais direi sobre nossos governantes. Não pretendo criticá-los mais, dizer-lhes mais e mais verdades, não, não mesmo! Quem julgar que estou aqui para desabafar meu inconformismo contra estes senhores está enganado.
Estou certo de que todos estes reacionários, todos esses velhos destroços de um mundo que está desaparecendo terão o seu fim natural, cedo ou tarde. (...) Não é tampouco essa gente que constitui o perigo mais iminente para a sociedade. Não, não são eles (...) Nem são eles os mais perigosos inimigos da verdade e da liberdade!
GRITOS POR TODOS OS LADOS – Quem são? Quem são? Diga!
DR. STOCKMANN – Sim, podem ficar descansados, eu direi! Foi esta justamente a grande descoberta que fiz ontem ( Alteando a voz ) O inimigo mais perigoso da verdade e da liberdade, entre nós, é a enorme e silenciosa maioria dos meus concidadãos. Esta massa amorfa, é ela! Sim, agora já o sabem.
( Grande alvoroço. A maioria dos assistentes grita, sapateia, assobia. Ruído formidável na sala. Alguns mais velhos parecem aprovar com olhares divertidos [...] Aslaksen faz soar a campanhia e pede silêncio[...] )
ASLAKSEN – O presidente exige que o orador retire as expressões impróprias e ditas impensadamente!
DR. STOCKMANN – De modo algum, Sr. Aslaksen. Não é a grande maioria da nossa população que me priva da liberdade e me impede de dizer a verdade?
HOVSTAD – A maioria sempre tem razão!
BILLING – A MAIORIA SEMPRE TEM RAZÃO!
DR. STOCKMANN – NÃO! A MAIORIA NUNCA TEM RAZÃO! Esta é a maior mentira social que já se disse!
Todo o cidadão livre deve protestar contra ela. Quem se constitui na maioria dos habitantes de um país? As pessoas inteligentes ou os imbecis? Estamos todos de acordo, penso eu, em afirmar que, em se considerando o globo terrestre como um todo, os imbecis formam uma maioria esmagadora. Este é um motivo suficiente para que os imbecis mandem nos demais . ( Gritos, berros, protestos ).
Sim, vocês podem gritar mais alto do que eu, mas não podem me responder. A maioria tem o poder, infelizmente! Mas não tem razão! A razão está comigo e do lado de alguns indivíduos isolados. O direito está sempre com as minorias. ( Tumulto total )
HOVSTAD – Desde quando o sr. se converteu em aristocrata, Dr. Stockmann?
DR. STOCKMANN – Repito, não me convém perder tempo com esta pobre manada de fôlego curto, que nada tem a ver com o grande movimento da vida.
Para eles não é possível o sonho, nem o progresso. Penso no pequeno grupo de indivíduos que estão sempre na linha de frente (...) Vou dedicar toda a minha energia e a minha vida a contestar a pseudoverdade de que a voz do povo é a voz da razão !
Que sentido têm as verdades proclamadas pela massa, massa esta que é manobrada pelos jornais e pelos poderosos? São velhas e caducas (...) Proponho-me a fazer uma revolução contra a mentira que diz que “a maioria tem o monopólio da verdade” (...)
VOZES IRRITADAS – Nós somos o povo! Então só os nobres têm o direito de governar?
UM OPERÁRIO – Vamos pôr no olho da rua este sujeito que diz estes absurdos contra o povo!
OUTROS – Rua! (...)
HOVSTAD – Não tenho pretensões a nenhuma distinção social. Descendo de uma simples família de camponeses e me orgulho de ter minhas raízes nesse povo que o sr. insulta violentamente!
UM GRUPO DE OPERÁRIOS – Viva Hovstad! Hurra! Hurra!
DR. STOCKMANN – Para se encontrar a plebe de que falo não devemos procurar somente nas classes mais baixas. Ela está por todo lado, também e principalmente em torno de nós, e ali nas classes privilegiadas, ricas. (...). Vejam o vosso prefeito, meu próprio irmão, Peter: é rico, ar próspero.. mas lhes asseguro: é tão plebeu quanto o mais plebeu dos plebeus. (...) Aqueles que obedecem e pensam somente pelas cabeças dos outros sempre serão plebeus morais!
PREFEITO – Protesto contra os ataques pessoais!
DR. STOCKMANN - Muito bem, caros concidadãos. Nada mais direi sobre nossos governantes. Não pretendo criticá-los mais, dizer-lhes mais e mais verdades, não, não mesmo! Quem julgar que estou aqui para desabafar meu inconformismo contra estes senhores está enganado.
Estou certo de que todos estes reacionários, todos esses velhos destroços de um mundo que está desaparecendo terão o seu fim natural, cedo ou tarde. (...) Não é tampouco essa gente que constitui o perigo mais iminente para a sociedade. Não, não são eles (...) Nem são eles os mais perigosos inimigos da verdade e da liberdade!
GRITOS POR TODOS OS LADOS – Quem são? Quem são? Diga!
DR. STOCKMANN – Sim, podem ficar descansados, eu direi! Foi esta justamente a grande descoberta que fiz ontem ( Alteando a voz ) O inimigo mais perigoso da verdade e da liberdade, entre nós, é a enorme e silenciosa maioria dos meus concidadãos. Esta massa amorfa, é ela! Sim, agora já o sabem.
( Grande alvoroço. A maioria dos assistentes grita, sapateia, assobia. Ruído formidável na sala. Alguns mais velhos parecem aprovar com olhares divertidos [...] Aslaksen faz soar a campanhia e pede silêncio[...] )
ASLAKSEN – O presidente exige que o orador retire as expressões impróprias e ditas impensadamente!
DR. STOCKMANN – De modo algum, Sr. Aslaksen. Não é a grande maioria da nossa população que me priva da liberdade e me impede de dizer a verdade?
HOVSTAD – A maioria sempre tem razão!
BILLING – A MAIORIA SEMPRE TEM RAZÃO!
DR. STOCKMANN – NÃO! A MAIORIA NUNCA TEM RAZÃO! Esta é a maior mentira social que já se disse!
Todo o cidadão livre deve protestar contra ela. Quem se constitui na maioria dos habitantes de um país? As pessoas inteligentes ou os imbecis? Estamos todos de acordo, penso eu, em afirmar que, em se considerando o globo terrestre como um todo, os imbecis formam uma maioria esmagadora. Este é um motivo suficiente para que os imbecis mandem nos demais . ( Gritos, berros, protestos ).
Sim, vocês podem gritar mais alto do que eu, mas não podem me responder. A maioria tem o poder, infelizmente! Mas não tem razão! A razão está comigo e do lado de alguns indivíduos isolados. O direito está sempre com as minorias. ( Tumulto total )
HOVSTAD – Desde quando o sr. se converteu em aristocrata, Dr. Stockmann?
DR. STOCKMANN – Repito, não me convém perder tempo com esta pobre manada de fôlego curto, que nada tem a ver com o grande movimento da vida.
Para eles não é possível o sonho, nem o progresso. Penso no pequeno grupo de indivíduos que estão sempre na linha de frente (...) Vou dedicar toda a minha energia e a minha vida a contestar a pseudoverdade de que a voz do povo é a voz da razão !
Que sentido têm as verdades proclamadas pela massa, massa esta que é manobrada pelos jornais e pelos poderosos? São velhas e caducas (...) Proponho-me a fazer uma revolução contra a mentira que diz que “a maioria tem o monopólio da verdade” (...)
VOZES IRRITADAS – Nós somos o povo! Então só os nobres têm o direito de governar?
UM OPERÁRIO – Vamos pôr no olho da rua este sujeito que diz estes absurdos contra o povo!
OUTROS – Rua! (...)
HOVSTAD – Não tenho pretensões a nenhuma distinção social. Descendo de uma simples família de camponeses e me orgulho de ter minhas raízes nesse povo que o sr. insulta violentamente!
UM GRUPO DE OPERÁRIOS – Viva Hovstad! Hurra! Hurra!
DR. STOCKMANN – Para se encontrar a plebe de que falo não devemos procurar somente nas classes mais baixas. Ela está por todo lado, também e principalmente em torno de nós, e ali nas classes privilegiadas, ricas. (...). Vejam o vosso prefeito, meu próprio irmão, Peter: é rico, ar próspero.. mas lhes asseguro: é tão plebeu quanto o mais plebeu dos plebeus. (...) Aqueles que obedecem e pensam somente pelas cabeças dos outros sempre serão plebeus morais!
PREFEITO – Protesto contra os ataques pessoais!
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