segunda-feira, 24 de abril de 2023

Anarcho-Monarchism

Anarcho-Monarchism      

The only thing I know that J.R.R. Tolkien and Salvador Dalí had in common—or rather, I suppose I should say, the only significant or unexpected thing, since they obviously had all sorts of other things in common: they were male, bipedal, human, rough contemporaries, celebrities, and so on—was that each man on at least one occasion said he was drawn simultaneously towards anarchism and monarchism.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Frases de Chesterton

"THE truth is that the modern world has committed itself to two totally different and inconsistent conceptions about education. It is always trying to expand the scope of education; and always trying to exclude from it all religion and philosophy. But this is sheer nonsense. You can have an education that teaches atheism because atheism is true, and it can be, from its own point of view, a complete education. But you cannot have an education claiming to teach all truth, and then refusing to discuss whether atheism is true." ~GKC: 'The Common Man.'

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“THE idea of liberty has ultimately a religious root; that is why men find it so easy to die for and so difficult to define. It refers finally to the fact that, while the oyster and the palm tree have to save their lives by law, man has to save his soul by choice.” ~GKC: ‘A Miscellany of Men.’

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"I MAINTAIN, therefore, that the common sociological method is quite useless: that of first dissecting abject poverty or cataloguing prostitution. We all dislike abject poverty; but it might be another business if we began to discuss independent and dignified poverty. We all disapprove of prostitution; but we do not all approve of purity. The only way to discuss the social evil is to get at once to the social ideal. We can all see the national madness; but what is national sanity? I have called this book "What Is Wrong with the World?" and the upshot of the title can be easily and clearly stated. What is wrong is that we do not ask what is right." ~GKC

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O sexo é um instinto que produz uma instituição... Essa instituição é a família: um pequeno estado ou comunidade que, uma vez iniciada, tem centenas de aspectos que não são de modo algum sexuais. Inclui louvores, justiça, festividade, decoração, instrução, amizade, descanso. O sexo é a porta dessa casa... Porém, a casa é muito maior que a porta. A verdade é que há certas pessoas que preferem ficar só na porta e nunca entrar na casa. - G. K.'s Weekly, 1927

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"...o resultado prático de nossa convicção e de nossa confiança é este: que quando as pessoas nos dizem – “Seu sistema não é muito inadequado para o mundo moderno,” respondemos – “Se isso é verdade, as coisas parecem bem podres no pobre e antigo mundo moderno.” Quando eles dizem – “Seu ideal de casamento pode ser um ideal, mas não pode ser uma realidade, ” dizemos – “é um ideal numa sociedade doente, é uma realidade numa sociedade saudável. Pois, onde ele é real, ele faz a sociedade saudável." (Fonte).

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"Se o mundo moderno não insistir em ter uma lei moral clara e definida, capaz de resistir às atrações contrárias da arte e do humor, será simplesmente entregue como espólio a qualquer um que consiga fazer algo errado de uma forma simpática. Qualquer assassino que consiga matar de forma interessante será autorizado a matar. Qualquer ladrão que roube com gestos realmente humorísticos poderá roubar tanto quanto quiser." G. K.Chesterton, Considerando todas as coisas, Editora Ecclesiae.

sábado, 15 de abril de 2023

Conselhos de Mário Ferreira dos Santos para o desenvolvimento da inteligência


I. Leia as grandes obras da literatura universal, e procure vivê-las na imaginação e no sentimento. Recite os famosos monólogos da literatura como se fosse a própria personagem.

II. Dedique-se um pouco à arte teatral. Leia uma peça de teatro e procure interpretá-la. Os exercícios com peças teatrais facilita viver diversas vidas, o que é também um estimular da imaginação.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

"A Luz do Baile" por Monteiro Lobato (1918)

Despercebidos de todo passaram-se este mês dois aniversários. A 2 de dezembro nasceu, a 5 de dezembro faleceu D. Pedro II. Quem foi este homem que não deixou lembranças neste país? Apenas um Imperador… Um Imperador que reinou apenas durante 58 anos… Tirano? Despótico? Equiparável a qualquer facínora coroado? Não.

domingo, 9 de abril de 2023

Leitura: liberdade e diferença

Por Juan Perucho

A comunicação de massas (televisão, rádio, cinema) nos torna iguais, nos uniformiza, e assim nos encontramos rindo das mesmas piadas e afinal pensando da mesma maneira. A leitura, pelo contrário, nos liberta e possibilita a meditação daquilo que vamos lendo.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Padre Antonio Vieira: "Os Quatro Remédios para o Amor" (1643)

É pois o quarto e último remédio do amor, e com o qual ninguém deixou de sarar: o melhorar de objeto. Dizem que um amor com outro se paga, e mais certo é que um amor com outro se apaga. Assim como dois contrários em grau intenso não podem estar juntos em um sujeito, assim no mesmo coração não podem caber dois amores, porque o amor que não é intenso não é amor. Ora, grande coisa deve de ser o amor, pois, sendo assim, que não bastam a encher um coração mil mundos, não cabem em um coração dois amores. Daqui vem que, se acaso se encontram e pleiteiam sobre o lugar, sempre fica a vitória pelo melhor objeto. É o amor entre os afetos como a luz entre as qualidades. Comumente se diz que o maior contrário da luz são as trevas, e não é assim. O maior contrário de uma luz é outra luz maior. As estrelas no meio das trevas luzem e resplandecem mais, mas em aparecendo o sol, que é luz maior, desaparecem as estrelas.

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Paul Johnson: Os Intelectuais (Karl Marx)

Um fragmento do livro:

Marx se caracterizava, principalmente, como um depósito repleto de ressentimentos e frustrações. Brigava até com a própria sombra. Suas biografias contam-nos também que vivia possuído de extremo mau humor e era conhecido como uma pessoa rancorosa até por Jenny, sua verdadeira mulher, que, certa vez escreveu-lhe, dizendo: "Por favor, não escreva com tanto rancor e irritação". Este estado de espírito era agravado por suas costumeiras bebedeiras e pelo sofrimento com a freqüente erupção de furúnculos, resultantes da sua pouca higiene pessoal que o tornava uma figura mal cheirosa, até mesmo, repugnante.


sexta-feira, 31 de março de 2023

Ibsen: Um Inimigo do Povo

ASLAKSEN - O homem evidentemente bebeu demais. Continue, doutor, mas procure ser mais moderado na sua exposição...

DR. STOCKMANN - Muito bem, caros concidadãos. Nada mais direi sobre nossos governantes. Não pretendo criticá-los mais, dizer-lhes mais e mais verdades, não, não mesmo! Quem julgar que estou aqui para desabafar meu inconformismo contra estes senhores está enganado.
Estou certo de que todos estes reacionários, todos esses velhos destroços de um mundo que está desaparecendo terão o seu fim natural, cedo ou tarde. (...) Não é tampouco essa gente que constitui o perigo mais iminente para a sociedade. Não, não são eles (...) Nem são eles os mais perigosos inimigos da verdade e da liberdade!

terça-feira, 28 de março de 2023

Duas frases do Caxassa Filosofal

"O Brasil não é lugar de literatura. Na verdade, a sua total ausência é marcada pela proibição geral de livros e a falta dos mais elementares meios pelos quais os seus habitantes possam tomar conhecimento do mundo e do que se passa nele. Os habitantes estão mergulhados em grande ignorância e sua conseqüência natural: o orgulho" James Henderson, "A history of Brazil", citado por Laurentino Gomes, "1808". Página 269.

Quem quer que converse com qualquer brasileiro médio, mesmo estudante universitário, sobre qualquer assunto da realidade do mundo não deixa de constatar que as palavras escritas há duzentos anos continuam atualíssimas.

sábado, 25 de março de 2023

O ex-covarde

Nelson Rodrigues

Entro na redação e o Marcelo Soares de Moura me chama. Começa: - "Escuta aqui, Nélson. Explica esse mistério." Como havia um mistério, sentei-me. Ele começa: - "Você, que não escrevia sobre política, por que é que agora só escreve sobre política?" Puxo um cigarro, sem pressa de responder. Insiste: - "Nas suas peças não há uma palavra sobre política. Nos seus romances, nos seus contos, nas suas crônicas, não há uma palavra sobre política. E, de repente, você começa suas "confissões". É um violino de uma corda só. Seu assunto é só política. Explica: - Por quê?"

quarta-feira, 22 de março de 2023

O Velho

Nélson Rodrigues

Em recente confissão, contei a minha visita à casa de uma grã-fina que, de três em três meses, é capa de Manchete. E, de fato, sempre que Justino Martins está em apertos, vai ao arquivo e apanha a cara da minha belíssima anfitriã. O leitor nem desconfia que já viu a mesmíssima capa umas quinze vezes. Não há nada mais parecido com uma grã-fina do que outra grã-fina. Por dentro e por fora, todas se parecem. Quem viu uma, viu as outras.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Frases sobre o Comunismo

“Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas.” (V. I. Lênin)

“Somos favoráveis ao terror organizado – isto deve ser admitido francamente.” (V. I. Lênin)

“O comunismo não é amor. É o martelo com que esmagamos nossos inimigos.” (Mao Dzedong)

segunda-feira, 13 de março de 2023

Anti-Communist Manifesto (Jiří Klobouk, 1975)

PREFACE TO THE ENGLISH EDITION

The English edition of this document, written in Czech in Canada in 1975, was inspired by my recent visit to The Museum of Communism in Prague. I was astounded to encounter the sacred relics of the totalitarian regime on display for everyone to see: tools of socialist propaganda, statues of tyrants stripped to nakedness, slices of everyday life as empty as the bare grocery store shelves, fading flags, shiny medals and anti-American slogans in the most vitriolic of languages. The interrogator's room of the Secret Police (STB) envelops you with horror. You can hear the weak voice of your contemporary confessing after a sleepless night to a crime he or she didn't commit. You can almost smell the decomposing bodies of those who dared oppose the Big Red Lie.

terça-feira, 7 de março de 2023

Arthur Schopenhauer - Dialética Erística

COMO VENCER UM DEBATE SEM PRECISAR TER RAZÃO - Arthur Schopenhauer

Um manual de patifaria intelectual? Nada mais, nada menos.

Arthur Schopenhauer (1788-1860) deixou inconcluso este livro breve e perturbador com que desmascara os esquemas da argumentação maliciosa e falsa, que sempre estão na moda.

Por mais de um século a "Dialética Erística" ficou praticamente ignorada, até que o renascimento dos estudos sobre retórica e persuasão viesse tirá-la do esquecimento, mostrando seu potencial explosivo.

Nesta edição, com o título de "Como vencer um debate sem precisar ter razão", o texto é enriquecido por comentários e notas do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, que seu "O Imbecil Coletivo" consagrou como um expert no desmascaramento da pseudo-argumentação.

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Abaixo segue a lista feita por Schopenhauer.


sábado, 4 de março de 2023

Frase de Olavo de Carvalho

O mundo entrou na era do caos sangrento a partir do instante em que os homens deixaram de ser julgados por seus atos e passaram a sê-lo pelos ideais que alegam. Impor esse novo critério a toda a sociedade foi a maior vitória do espírito revolucionário sobre a normalidade humana. Enquanto essa distorção monstruosa não for eliminada da atmosfera cultural, o mundo não terá um momento de paz.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Olavo de Carvalho - Amor correspondido

“Então você vai ver o seguinte, que primeiro você quer conquistar a simpatia. Para conquistar a simpatia, você precisa mostrar interesse pelas pessoas. Só que se você estiver interessado nelas só para conquistar simpatia, você não está verdadeiramente interessado: o seu foco de atenção não é nelas, mas [em] você, então isso daí vai falhar. Então a prática disso: ensinar a você a ter interesse genuíno pelas pessoas. Ou seja, eu não preciso pensar na simpatia. Por quê? Porque ela está implícita, eu vou ter simpatia de qualquer maneira. Se eu estiver realmente interessado em ouvir a pessoa, ela vai simpatizar comigo mesmo que eu não esteja pensando nisso; então para que eu vou tentar conquistar simpatia, se a simpatia já vem embutida? Então o foco desloca da conquista de simpatia para o interesse genuíno, e assim [sucede] em muitas outras coisas. Quer dizer, vai havendo uma mudança do eixo da conduta, e daí você vai ver que a simpatia que você quer conquistar não vale a pena o esforço, porque ela é muito fácil.

Por exemplo, eu tenho uma teoria: não existe amor não correspondido. Isso aí eu digo e as pessoas às vezes não entendem. Vamos dizer, o seu amor é não correspondido quando você está morrendo de dó de você mesmo porque aquela pessoa não prestou atenção em você. Então você está mortalmente apaixonado por si mesmo, você está cuidando de si mesmo, então é claro que a mulher nem vai ligar para você. Mas se você tiver verdadeiro amor por ela, quiser o bem dela, quiser a felicidade dela e esquecer de você, ela vai amar você de qualquer jeito. É irresistível. Então o problema não é como eu vou conquistar o amor da fulaninha, não: [o problema é:] como eu vou amá-la verdadeiramente! Na hora que você tiver isso, é irresistível; só se for uma pessoa totalmente pervertida e louca que não quer… Tem gente que é assim, tem duas ou três que são assim. Cuidado com essas. Aquela [que pensa]: “Ah, você tem amor por mim? Então você não presta, tem que apanhar”. Tem mulher que só judia do cara; quer dizer, quando o maltrata é porque [ele] gosta dela; [e] quanto mais sincero for o amor, mas ela vai maltratar. Essa, você dá um pontapé no traseiro e esqueça, é uma pervertida. Mas, em geral, com pessoas normais o amor é sempre correspondido.

Às vezes pode não ser correspondido no mesmo nível que você quer por uma impossibilidade: a mulher está casada com seu fulano, e você está lá apaixonado por ela, o que você quer? Ela vai amar você, mas isto não quer dizer que ela vai sair e ir para cama com você. Então você trate de se acostumar, falar: “Olha, nós vamos ter esse amor pelo resto de nossas vidas, mas não podemos chegar em certos finalmentes, não está certo isto”. Inclusive, você querer por toda lei conquistar a mulher nessa condição não é verdadeiro amor, porque você está querendo o mal dela. Olha, o amor é um negócio assim que vem a atração, a paixão, o tesão junto com a verdadeira bondade e generosidade, e de uma tal maneira que uma coisa é indiscernível da outra: só aí você tem amor. Se houver dualismo, acabou, não funciona.

Então, por exemplo, você está apaixonado pela fulaninha. Você tem certeza de que casar com você é a melhor coisa que ela pode fazer na vida dela? [Você pode afirmar:] “Não tem outro melhor para você do que eu!”. Você tem certeza disto? Se você não tem certeza, com que direito você quer isso para a mulher, e ainda diz que é por amor? Você quer é ferrar com a vida dela. Agora, se você pensar e falar: “Não, de fato, ela não vai ter um melhor do que eu, eu sou o melhor porque eu sou mais sincero, eu gosto realmente dela, eu sou isso, eu sou aquilo e ainda sou bonito e gostoso, etc. etc. Então eu quero isso para ela porque eu quero que ela seja feliz.” Então você não vai chegar com timidez e tal porque você sabe que o que você está oferecendo é bom. E se ela não quiser, então é uma cretina.

Através da cultura você vai esquecendo de si mesmo e passa a ter preocupações maiores que o abrangem e que resolvem aquelas primeiras: é assim que faz a passagem [para outro plano de compreensão]. Então… [você deixa] o subjetivismo da adolescência… [porque] você sabe… a hora que você [vai] perceber que você tem verdadeiro amor por uma pessoa ou por várias pessoas, não só no domínio sexual evidentemente. E note bem: se você tem verdadeiro amor e esse amor é rejeitado, você não se sente deprimido, você não se sente diminuído, você fica é com dó da pessoa, você fala: “Mas que cretina! Essa mulher não quer, ela quer se ferrar. Que se dane, não estou aqui para perder tempo com idiota.” Quer dizer, à medida que a sua preocupação vai subindo, você vai perdendo aquele medo, aquele temor de não ser aceito, de não ser gostado. Porque ser gostado é a coisa mais fácil do mundo, gente!, para que perder tanto tempo com essa besteira? Não precisa! Tenha um interesse genuíno, tenha um amor verdadeiro pelas pessoas, e elas vão gostar de você; e se não gostar, aí você vai ter a certeza de que são idiotas. Em suma, aos poucos, você vai se extraindo do julgamento dos outros na medida em que você adquire a certeza das suas intenções. Não é que você vai desprezar a opinião dos outros — a gente nunca deve desprezar a opinião do outro — simplesmente você não precisa dela porque você já sabe o que você está fazendo. E eu acho que isso responde as duas perguntas.”

Fonte: COF 17

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Olavo de Carvalho e o Amor

"O sentimento segue aquilo que amamos. Se amamos o que é verdadeiro, bom e belo, ele nos conduzirá para lá. O problema, portanto, não é sentir, mas amar as coisas certas. Do mesmo modo, o pensamento não é guia de si próprio, mas se deixa levar pelos amores que temos. Sentir ou conhecer, nenhum dos dois é um guia confiável. Antes de poder seguir qualquer um dos dois, é preciso aprender a escolher os objetivos do amor - e o critério dessa escolha é: Quais são as coisas que, se dependessem de mim, deveriam durar para sempre? Há coisas que são boas por alguns instantes, outras por algum tempo. Só algumas são para sempre" (Olavo de Carvalho).

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Olavo de Carvalho e a Amizade

L. Szondi ensinava que a ESCOLHA DAS AMIZADES é um dos fatores determinantes do destino. Não se prostituam por mero respeito humano. Procurem a amizade dos melhores e, sem brigar, evitem os piores.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Por que os intelectuais odeiam o capitalismo?

Por que os intelectuais odeiam o capitalismo?
N. do T.: o artigo a seguir foi adaptado de um discurso improvisado feito pelo autor, daí o seu tom mais coloquial.

Por que os intelectuais sistematicamente odeiam o capitalismo?  Foi essa pergunta que Bertrand de Jouvenel (1903-1987) fez a si próprio em seu artigo Os intelectuais europeus e o capitalismo.
Esta postura, na realidade, sempre foi uma constante ao longo da história.  Desde a Grécia antiga, os intelectuais mais distintos — começando por Sócrates, passando por Platão e incluindo o próprio Aristóteles — viam com receio e desconfiança tudo o que envolvia atividades mercantis, empresariais, artesanais ou comerciais.
E, atualmente, não tenham nenhuma dúvida: desde atores e atrizes de cinema e televisão extremamente bem remunerados até intelectuais e escritores de renome mundial, que colocam seu labor criativo em obras literárias — todos são completamente contrários à economia de mercado e ao capitalismo.  Eles são contra o processo espontâneo e de interações voluntárias que ocorre de mercado.  Eles querem controlar o resultado destas interações.  Eles são socialistas.  Eles são de esquerda.  Por que é assim?
Vocês, futuros empreendedores, têm de entender isso e já irem se acostumando.  Amanhã, quando estiverem no mercado, gerenciando suas próprias empresas, vocês sentirão uma incompreensão diária e contínua, um genuíno desprezo dirigido a vocês por toda a chamada intelligentsia, a elite intelectual, aquele grupo de intelectuais que formam uma vanguarda.  Todos estarão contra vocês.
"Por que razão eles agem assim?", perguntou-se Bertrand de Jouvenel, que em seguida pôs-se a escrever um artigo explicando as razões pelas quais os intelectuais — no geral e salvo poucas e honrosas exceções — são sempre contrários ao processo de cooperação social que ocorre no mercado.
Eis as três razões básicas fornecidas por de Jouvenel.
Primeira, o desconhecimento.  Mais especificamente, o desconhecimento teórico de como funcionam os processos de mercado.  Como bem explicou Hayek, a ordem social empreendedorial é a mais complexa que existe no universo.  Qualquer pessoa que queira entender minimamente como funciona o processo de mercado deve se dedicar a várias horas de leituras diárias, e mesmo assim, do ponto de vista analítico, conseguirá entender apenas uma ínfima parte das leis que realmente governam os processos de interação espontânea que ocorrem no mercado.  Este trabalho deliberado de análise para se compreender como funciona o processo espontâneo de mercado — o qual só a teoria econômica pode proporcionar — desgraçadamente está completamente ausente da rotina da maior parte dos intelectuais.
Intelectuais normalmente são egocêntricos e tendem a se dar muita importância; eles genuinamente creem que são estudiosos profundos dos assuntos sociais.  Porém, a maioria é profundamente ignorante em relação a tudo o que diz respeito à ciência econômica.
A segunda razão, a soberba. Mais especificamente, a soberba do falso racionalista.  O intelectual genuinamente acredita que é mais culto e que sabe muito mais do que o resto de seus concidadãos, seja porque fez vários cursos universitários ou porque se vê como uma pessoa refinada que leu muitos livros ou porque participa de muitas conferências ou porque já recebeu alguns prêmios.  Em suma, ele se crê uma pessoa mais inteligente e muito mais preparada do que o restante da humanidade.  Por agirem assim, tendem a cair no pecado fatal da arrogância ou da soberba com muita facilidade.
Chegam, inclusive, ao ponto de pensar que sabem mais do que nós mesmos sobre o que devemos fazer e como devemos agir.  Creem genuinamente que estão legitimados a decidir o que temos de fazer.  Riem dos cidadãos de ideias mais simplórias e mais práticas.  É uma ofensa à sua fina sensibilidade assistir à televisão.  Abominam anúncios comerciais.  De alguma forma se escandalizam com a falta de cultura (na concepção deles) de toda a população.  E, de seus pedestais, se colocam a pontificar e a criticar tudo o que fazemos porque se creem moral e intelectualmente acima de tudo e todos. 
E, no entanto, como dito, eles sabem muito pouco sobre o mundo real.  E isso é um perigo.  Por trás de cada intelectual há um ditador em potencial.  Qualquer descuido da sociedade e tais pessoas cairão na tentação de se arrogarem a si próprias plenos poderes políticos para impor a toda a população seus peculiares pontos de vista, os quais eles, os intelectuais, consideram ser os melhores, os mais refinados e os mais cultos.
É justamente por causa desta ignorância, desta arrogância fatal de pensar que sabem mais do que nós todos, que são mais cultos e refinados, que não devemos estranhar o fato de que, por trás de cada grande ditador da história, por trás de cada Hitler e Stalin, sempre houve um corte de intelectuais aduladores que se apressaram e se esforçaram para lhes conferir base e legitimidade do ponto de vista ideológico, cultural e filosófico.
E a terceira e extremamente importante razão, o ressentimento e a inveja.  O intelectual é geralmente uma pessoa profundamente ressentida.  O intelectual se encontra em uma situação de mercado muito incômoda: na maior parte das circunstâncias, ele percebe que o valor de mercado que ele gera ao processo produtivo da economia é bastante pequeno.  Apenas pense nisso: você estudou durante vários anos, passou vários maus bocados, teve de fazer o grande sacrifício de emigrar para Paris, passou boa parte da sua vida pintando quadros aos quais poucas pessoas dão valor e ainda menos pessoas se dispõem a comprá-los.  Você se torna um ressentido.  Há algo de muito podre na sociedade capitalista quando as pessoas não valorizam como deve os seus esforços, os seus belos quadros, os seus profundos poemas, os seus refinados artigos e seus geniais romances. 
Mesmo aqueles intelectuais que conseguem obter sucesso e prestígio no mercado capitalista nunca estão satisfeitos com o que lhes pagam.  O raciocínio é sempre o mesmo: "Levando em conta tudo o que faço como intelectual, sobretudo levando em conta toda a miséria moral que me rodeia, meu trabalho e meu esforço não são devidamente reconhecidos e remunerados.  Não posso aceitar, como intelectual de prestígio que sou, que um ignorante, um parvo, um inculto empresário ganhe 10 ou 100 vezes mais do que eu simplesmente por estar vendendo qualquer coisa absurda, como carne bovina, sapatos ou barbeadores em um mercado voltado para satisfazer os desejos artificiais das massas incultas."
"Essa é uma sociedade injusta", prossegue o intelectual.  "A nós intelectuais não é pago o que valemos, ao passo que qualquer ignóbil que se dedica a produzir algo demandado pelas massas incultas ganha 100 ou 200 vezes mais do que eu".  Ressentimento e inveja.
Segundo Bertrand de Jouvenel,
O mundo dos negócios é, para o intelectual, um mundo de valores falsos, de motivações vis, de recompensas injustas e mal direcionadas . . . para ele, o prejuízo é resultado natural da dedicação a algo superior, algo que deve ser feito, ao passo que o lucro representa apenas uma submissão às opiniões das massas.
[...]
Enquanto o homem de negócios tem de dizer que "O cliente sempre tem razão", nenhum intelectual aceita este modo de pensar.
E prossegue de Jouvenel:
Dentre todos os bens que são vendidos em busca do lucro, quantos podemos definir resolutamente como sendo prejudiciais?  Por acaso não são muito mais numerosas as ideias prejudiciais que nós, intelectuais, defendemos e avançamos?
Conclusão
Somos humanos, meus caros.  Se ao ressentimento e à inveja acrescentamos a soberba e a ignorância, não há por que estranhar que a corte de homens e mulheres do cinema, da televisão, da literatura e das universidades — considerando as possíveis exceções — sempre atue de maneira cega, obtusa e tendenciosa em relação ao processo empreendedorial de mercado, que seja profundamente anticapitalista e sempre se apresente como porta-voz do socialismo, do controle do modo de vida da população e da redistribuição de renda.

Fonte: aqui.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Efeito Paulo Freire na Educação

Com a renda que tem, o Brasil poderia ter um sistema educacional melhor? E por que não tem? por Roberto Ellery Roberto Ellery 

Fonte: aqui.

Explicar o que faz com que os estudantes de um determinado país sejam bem avaliados em exames internacionais e os de outros sejam mal avaliados não é uma tarefa fácil, nem simples; pelo contrário, exige um esforço de coleta e análise de dados significativo, de forma a permitir ao pesquisador avaliar diversos fatores que podem determinar o desempenho dos estudantes. 

É possível que um país gaste muito com educação, porém seu gasto não seja bem canalizado para permitir o melhor aprendizado dos alunos – uma escola de ouro sem bons professores, afinal, dificilmente formará bons alunos. Também é possível que questões culturais, além de outros fatores que não dependem da escola em si, tenham um papel significativo no desempenho do aluno. Um estudante em uma boa escola, com bons professores, pode ter seu desempenho prejudicado por uma família ou uma vizinhança abusiva, ou por um meio cultural que desestimule seus estudos. São muitos aspectos, de forma que não é pretensão deste texto esgotar ou mesmo fazer uma abordagem científica do tema. A ideia do texto é tão somente argumentar que com a renda per capita que tem, o Brasil poderia ter um sistema educacional que permitisse a seus estudantes um melhor desempenho nos testes internacionais. Dito de outra forma: nossa pobreza não é desculpa para nossos resultados ruins. 

Para apresentar meu argumento, peguei a nota de cada país no programa internacional de avaliação de alunos – o PISA de 2012 – e comparei com o PIB per capita de 2011. Escolhi 2011, porque esse é o último ano da Penn World Table (PWT). Reproduzi as contas com dados do FMI para 2012 e os resultados foram os mesmos – como a PWT permitiu usar mais países, escolhi não usar os dados do FMI. 

O PISA é composto por três provas: leitura, ciências e matemática. Para a análise usei a média das três provas (link aqui). Consegui dados para 65 países. Após cruzar com a PWT, e retirar outliers, fiquei com 61 países. 

Destes 61 países, sete (Albânia, Argentina, Colômbia, Indonésia, Jordânia, Peru e Tunísia) ficaram com média inferior à do Brasil – destes, apenas a Argentina tem PIB per capita maior que o nosso. Por outro lado, China, Tailândia e Vietnam conseguiram médias maiores que a do Brasil – mesmo tendo PIB per capita inferior ao brasileiro. Até aqui não há muito a concluir. Porém alguma conclusão começa a ser esboçada quando observamos que dos 15 países com melhores notas (o quarto superior) sete estão na Ásia (China, Hong Kong, Japão, Coreia, Cingapura, Taiwan e Vietnam) e que dos quinze países com as piores notas (o quarto inferior) oito são latino americanos (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru e Uruguai). Difícil não pensar que existe algo no sistema de ensino da Ásia que faz com que os alunos de países pobres e ricos se saiam bem, ao mesmo tempo em que existe algo no sistema de ensino da América Latina que faz com os alunos apresentem desempenho tão baixo. 

A figura abaixo ilustra o ponto. Nela estão marcados o PIB per capita e a média do PISA nos 61 países da amostra, os países da América Latina estão em destaque. Repare que todos ficam abaixo da linha de regressão (para os curiosos o p-value foi 9.82e-09 e o R2 foi 0.43). A linha de regressão mostra o quanto devia ser a nota de cada país para cada valor do PIB per capita. O significado disto é que se usarmos apenas o PIB per capita para explicar o desempenho dos estudantes (espero ter deixado claro no primeiro parágrafo as limitações do exercício) os países latino americanos estão com notas menores do que deveriam.

A próxima figura repete a anterior, porém destaca os países do leste da Ásia (excluindo o Oriente Médio e as antigas repúblicas soviéticas, especificamente Jordânia e Cazaquistão). Repare que, com exceção da Malásia, todos os países estão na linha ou acima da linha. Vietnam e China são particularmente impressionantes no sentido que, mesmo com PIB per capita muito baixo, conseguem excelente desempenho nos exames do PISA. A última figura destaca apenas o Brasil. 

Insisto mais uma vez que os resultados desse texto devem ser vistos como uma provocação – ou, quando muito, como uma exploração preliminar. Neste sentido que concluo que existe alguma diferença entre os sistemas de ensino da América Latina e da Ásia que faz com que estudantes asiáticos tenham melhor desempenho no PISA quando comparados aos estudantes latino americanos, mesmo quando se leva em conta o PIB per capita dos países. 

Embarcando no clima de provocação e fazendo uma pequena homenagem ao pessoal do Instituto Liberal do Centro Oeste (ILCO), que andou sendo criticado pelo crime supremo de questionar a obra de um intelectual respeitado, vou chamar este efeito que diferencia os estudantes da Ásia dos estudantes da América Latina em geral e do Brasil em particular de Efeito Paulo Freire. Assim, além de homenagear o ILCO, também faço uma reverência ao “maior intelectual da América Latina” e patrono da educação brasileira.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Dez monografias incomuns bancadas com dinheiro público

Dez monografias incomuns bancadas com dinheiro público Dissertações de mestrado e teses de doutorado de universidades públicas incluem estudos sobre funkeiro Mr. Catra e vlogueiro Felipe Neto.

Fonte: aqui.

Nota: Esta reportagem da Gazeta do Povo provocou um debate intenso. Logo em seguida, Mylene Mizrahi, autora de uma das teses citadas, teve espaço para expor seu ponto de vista, classificando o texto original como um retrato de um pensamento “elitista e preconceituoso”. O autor então aproveitou a oportunidade para levantar seis fatores que, acredita, não poderiam estar ausentes do debate. Pouco tempo depois, em seu blog, Rogério Galindo afirmou acreditar que a academia deve ser livre para estudar qualquer tema, enquanto Rafael Barros de Oliveira abordou as diferentes perspectivas da discussão, apontando os pontos positivos e negativos levantados por Galindo e Castro. 

sábado, 21 de janeiro de 2023

Chesterton in Love

"Eu gosto dessa janela. Quando a luz cobre seus cabelos, ela forma um halo e lhe faz parecer aquilo que você realmente é" (Fonte).

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Chesterton - A Igreja e o Estado

G. K. Chesterton, "The Divine Detective", em A Miscellany of Men (Kindle, pos. 1720-1729).

"A Igreja Cristã pode ser melhor definida como um enorme detetive privado, corrigindo o detetive oficial - o Estado. Isso, de fato, é uma das injustiças cometidas contra o Cristianismo histórico; injustiças que surgem de olhar p...ara complexas exceções e não para o grande e simples fato. [...] A Igreja consentiu, em um momento maligno, imitar a comunidade e empregar crueldade. Mas se nós abrirmos nossos olhos e olhar para a imagem inteira, se olharmos para a forma geral e para a cor da coisa, a verdadeira diferença entre o Cristianismo e o Estado é grande e clara. O Estado, em todos os lugares e épocas, criou um mecanismo de punição, mais brutal e sangrento em alguns lugares, mas brutal e sangrento em todos os lugares. A Igreja é a única instituição que tentou criar um mecanismo de perdão. A Igreja é a única coisa que já tentou criar um método de procurar e descobrir crimes, não a fim de vingá-los, mas a fim de perdoá-los.

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Why I Am a Catholic

Why I Am a Catholic
por G.K. Chesterton, sábado, 31 de Dezembro de 2011 às 07:21
MOST men would return to the old ways in faith and morals if they could broaden their minds enough to do so. It is narrowness that chiefly keeps them in the rut of negation. But this enlargement is easily misunderstood, because the mind must be enlarged to see the simple things; or even to see the self-evident things. It needs a sort of stretch of imagination to see the obvious objects against the obvious background; and especially the big objects against the big background. There is always the sort of man who can see nothing but the spot on the carpet, so that he cannot even see the carpet. And that tends to irritation, which he may magnify into rebellion. Then there is the kind of man who can only see the carpet, perhaps because it is a new carpet. That is more human, but it may be tinged with vanity and even vulgarity. There is the man who can only see the carpeted room; and that will tend to cut him off too much from other things, especially the servants' quarters. Finally, there is the man enlarged by imagination, who cannot sit in the carpeted room, or even in the coal-cellar, without seeing all the time the outline of the whole house against its aboriginal background of earth and sky. He, understanding that the roof is raised from the beginning as a shield against sun or snow, and the door against frost or slime, will know better and not worse than the rest the reasons of the rules within. He will know better than the first man that there ought not to be a spot on the carpet. But he will know, unlike the first man, why there is a carpet.