É pois o quarto e último remédio do amor, e com o qual ninguém deixou de sarar: o melhorar de
objeto. Dizem que um amor com outro se paga, e mais certo é que um amor com outro se apaga.
Assim como dois contrários em grau intenso não podem estar juntos em um sujeito, assim no mesmo
coração não podem caber dois amores, porque o amor que não é intenso não é amor. Ora, grande
coisa deve de ser o amor, pois, sendo assim, que não bastam a encher um coração mil mundos, não
cabem em um coração dois amores. Daqui vem que, se acaso se encontram e pleiteiam sobre o lugar,
sempre fica a vitória pelo melhor objeto. É o amor entre os afetos como a luz entre as qualidades.
Comumente se diz que o maior contrário da luz são as trevas, e não é assim. O maior contrário de
uma luz é outra luz maior. As estrelas no meio das trevas luzem e resplandecem mais, mas em
aparecendo o sol, que é luz maior, desaparecem as estrelas.
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