Cláudio Mafra
“Sua escuridão era impenetrável. Olhava para ele como olharia alguém que se encontra no fundo de um precipício onde o sol nunca brilha” (Joseph Conrad)
O Querido Líder, Kim Jong-il, parece que ficou gravemente doente e correu pelo mundo a notícia de que poderia morrer. Para decepção dos seus magérrimos generais, que já estavam preparados para atacar suas famosas adegas e armazéns de comidas importadas, ele se recuperou, e voltou com a corda toda. Agora, está ameaçando, iniciar uma guerra se interceptarem o foguete que ele mandou passar por cima do espaço aéreo japonês. O mentiroso Querido Líder diz que está testando o lançamento de um satélite e que se alguém derrubar o foguetaço será o fim dos tempos, um novo conflito que todos os coreanos, do Norte e do Sul, temem desde o armistício firmado em 1953. Ele é um grande jogador e o mundo ocidental nunca sabe se está blefando. As maiores apostas são que sim, que ele não se atreveria a enfrentar o formidável poderio americano, e chegar ao fim de seus dias sendo exibido como um espetacular troféu de guerra. Acontece que a pequena fração de dúvida é suficiente para grandes temores. Afinal, ninguém conhece os limites de sua loucura, e mesmo com uma ação militar combinada USA-Coréia do Sul, parece que ele faria enormes estragos, matando por volta de 60 mil sul-coreanos. Kim Jong-il também acena para seus vizinhos e para os Estados Unidos, com a possibilidade de fabricar a bomba atômica. As negociações para impedir que siga avante com seu programa nuclear arrastam-se há muitos anos, da mesma maneira como acontece com o Irã. A diferença nos dois casos é que, para Kim, a bomba é apenas uma maneira de conseguir chantagear o Ocidente e conseguir dinheiro para se sustentar no poder. Para isso ele conta com a ameaça terrivel (e um louco sentimento de vingança) de poder vender seus segredos nucleares para os terroristas islâmicos.